sexta-feira, 8 de março de 2013

Para mãe de Eliza Samudio, justiça foi ‘parcialmente’ feita

Sonia Moura, mãe de Eliza Samudio, acredita que justiça foi ‘parcialmente’ feita (Foto: Maurício Vieira / G1)

A mãe de Eliza Samudio, Sonia Moura, disse, na madrugada desta sexta-feira (8), que a justiça foi ‘parcialmente’ feita. A declaração foi dada na sala do Tribunal do Júri de Contagem, minutos após a juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes ter lido a sentença que condenou Bruno Fernandes a 22 anos e três meses de prisão e absolveu a ex-mulher dele, Dayanne Rodrigues.

Sônia diz não ter aceitado o veredicto do conselho de sentença em relação à ré. Segundo ela, sua advogada, Maria Lúcia Borges Gomes, que atuou como assistente de acusação no júri, vai recorrer da absolvição. "Ela não merecia esse presente numa data como essa [o Dia Internacional da Mulher], mas nós vamos recorrer. Não aceito isso de jeito nenhum. Esse foi um docinho que colocaram na boca dela e nós depois vamos lá tirar", disse.

A mãe de Eliza também contou que quer voltar ao Mato Grosso do Sul, onde mora, para reencontrar com o neto Bruninho. Ela disse, ainda, que pretende continuar acompanhando o processo que apura a morte da filha e que estará presente no julgamento de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que será realizado em abril.

Sentença
O júri popular formado por cinco mulheres e dois homens condenou o réu Bruno Fernandes de Souza a a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado do bebê.

Bruno foi condenado a 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
O advogado Lúcio Adolfo, que representa o atleta, disse que recorrerá da condenação. O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro afirmou que esperava pena de 28 a 30 anos de prisão para o réu e anunciou que vai recorrer para aumentar a punição.
A sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues foi lida em 19 minutos. Em sua decisão, ela disse que a personalidade de Bruno "é desvirtuada e foge dos padrões mínimos de normalidade" e destacou que "o réu tem incutido na sua personalidade uma total incompreensão dos valores".
A magistrada afirmou ainda que "a execução do homicídio foi meticulosamente calculada" e que "Bruno acreditou que, ao sumir com o corpo, a impunidade seria certa".
Por fim, ela lembrou que, assassinada, "a vítima [Eliza Samudio] deixou órfão uma criança de apenas quatro meses de vida".
Para a Justiça, a ex-amante do jogador foi morta em 10 junho de 2010, em Vespasiano (MG), após ter sido levada à força do Rio de Janeiro para o sítio do goleiro em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. A certidão de óbito foi emitida por determinação judicial. A criança, que foi achada com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.
A Promotoria afirma que, além de Bruno e Dayanne, mais sete pessoas participaram dos crimes. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta,foram condenados no júri popularrealizado em novembro de 2012.
No dia 22 de abril, Bola será julgado. Em 15 de maio, enfrentarão júri Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido (saiba quem são os réus).
Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, que era menor de idade na época da morte, cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.
Glauco Araújo e Pedro CunhaDo G1, em Contagem (MG)

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